Já ouvi, algumas vezes, que o Caminho do Norte é duro... muito mais duro que o trajeto francês... não só em palestras que assisti sobre o tema, como de alguns peregrinos que encontrei em Santiago de Compostela... só terei certeza depois que completá-lo no dia 24 de setembro, mas a julgar pela altimetria ... vide figura abaixo ... não parece tão pior...
Altimetria do Caminho Francês (em vermelho) x del Norte (em azul) |
Alguns trechos, mais planos no francês, podem realmente ser mais tranquilos frente ao sobe-e-desce constante do Caminho do Norte, mas pelo menos as grandes "cuestas"... como os Pirineus, a Cruz de Ferro e o Alto do Cebrero... não serão nem de longe igualadas. No finalzinho, principalmente nos dois últimos dias, a altimetria é praticamente a mesma, já que a cordilheira na Galícia é a mesma.
Bom, continuando com o relato das expectativas sobre o que me espera nas etapas do Caminho do Norte, hoje comento as próximas 2 etapas, depois da parada prolongada em Bilbao.
Etapa 3: Bilbao - Laredo (72 km) - 16/09
Portugalete |
Saindo de Bilbao, são duas as opções: 19,4 km pelos montes do caminho oficial ou apenas 12,4 km planos pelo lado direito da "Ria del Nervión"... ainda não está decidido qual deles vou realizar, neste que é o trecho mais urbano do "Camino del Norte". De Portugalete até a praia de la Arena seguirei pelo bidegorri (literalmente "camino rojo" ou caminho vermelho), muito frequentado por ciclistas e caminhantes e que seguirei pelos próximos 10 quilômetros com boa infraestrutura, incluindo áreas de descanso e fontes. Depois de passar por alguns pequenos povoados, chega-se à praia onde se pode desfrutar de uma pequena zona turística com bares e restaurantes. No outro extremo da praia, depois de cruzar uma ponte para pedestres com pilares verdes sobre o rio Barbadún, passa-se junto à "Ermita de la Virgen del Socorro". Um pouco depois sairei do Pais Vasco e entro na Cantábria, chegando em Onton; onde , novamente, depara-se com duas opções de itinerário, mas este já escolhi seguir pela costa, mais curto e com as vistas cada vez mais lindas do litoral... são 15,8 km por Baltezana, Otañes e Santullán.
Depois, Castro Urdiales, bonita vila à beira-mar com uma rica história que remonta a seu nascimento como fortificação romana. Desta época é o conjunto monumental da vila, no qual se destaca a magnífica igreja de Santa María (séculos XIII-XV), de estilo gótico e a seu lado o castelo-farol de Santa Ana e a ermida, também, de Santa Ana.
Ermita de Santa Ana |
Daí até o albergue, em Laredo, são mais 25km, tranquilos em termos de altimetria... apenas duas tranquilas subidas que sequer atingem 150 m... em El Pontarrón de Guriezo nova bifurcação, com opção para o caminho original sinalizado que passa por Rio Seco, talvez mais interessante, porém, bem mais longo. Em Hazas, temos a igreja de Nuestra Señora de la Asunción (século XVII), que apresenta uma imagem do apóstolo Santiago em seu interior. Mais uns poucos quilômetros e chego à parada em Laredo, outra vila costeira de importância para o litoral da Cantábria desde a idade média, com destaque para a igreja gótica de "Santa María de la Asunción" (dos séculos XIII-XVII).
Etapa 4: Laredo - Santillana del Mar (78 km) - 17/09
Puente de Solorga |
Saindo de Laredo, novas variantes se apresentam, mas desta vez parece melhor seguir pelo interior por Colindres, evitando não só trilhas pela areia como o "el paso en barco"... são apenas 2 km a mais e, espero, que a altimetria não seja tão pior... mas não tenho maiores informações sobre o trajeto até San Miguel de Meruelo. Dali até Güemes, depois de passar pela bonita igreja de San Miguel, cerca de 10 km tranquilos até o famoso albergue "La cabaña del abuelo Peuto"... mas não pararei por lá.
Catedral de Santander |
De Güemes até Galizano, uns 4,5 km de baixada até nova variante para Somo... uma costeira, sempre recomendada pelas lindas paisagens, e outra beirando a carretera CA-141, que conta com "un carril bici"... parece que devo ir por este que é o caminho oficial... e, inclusive, passa pelo santuário mariano de Nuestra Señora de Latas (século XVI). Em Somo, nos dirigimos ao embarcadouro para tomar um dos barcos conhecidos como "pedreñeras", que navegam de Somo a Santander com paradas em Pedreña.
Santander é a capital da comunidade autónoma de Cantabria e uma das mais importantes desta costa fantástica, destaque para a catedral de "Nuestra Señora de la Asunción" (séculos XIII-XVII) - na foto - além do possivelmente monumento mais interessante da cidade - o exuberante "Palacio de la Magdalena". Nos últimos 37 km desta etapa, muito asfalto e poucas atrações, passando por Santa Cruz de Bezana, Boo de Piélagos, Mogro e Requejada. Até chegar a Santillana del Mar, pequena vila com um grande atrativo turístico por sua beleza e monumentos. Apesar do nome, o mar está a mais de 3 km, mas passear por suas ruas de pedra antigas com bonitos e antigos casarões é como retroceder uns tantos séculos na roda da história. "La colegiata románica de Santa Juliana" (do século XII), construída sobre um primitivo templo do século IX, foi a origem do povoado. Em outro aspecto de interesse turístico, a pouco mais de um quilômetro do povoado se encontra "la Cueva de Altamira", que conserva pinturas rupestres paleolíticas (entre 33.000 aC e 9.000 aC), as mais importantes do mundo e declaradas Patrimônio da Humanidade em 1985. Não se pode visitar "la cueva" mas sim "el Museo de Altamira", que reproduz e interpreta as mencionadas pinturas e é, também, bastante interessante.
Collegiata Santa Juliana - Santillana del Mar |
No próximo post... a parada e as pedaladas em Andorra, antes de seguir para o Caminho...
... hasta pronto!