segunda-feira, 5 de maio de 2014

Como se di en galego... fin do Camiño en Compostela




El Guggenheim - Bilbao

Antes de falar sobre o "fin do Camiño", como comentei antes, vamos conhecer um pouco de Bilbao... onde vou comemorar "mi cumpleaños"... 60 anos, fora o tempo de pedal.
As informações sobre a cidade são convidativas, tanto que chego dia 14 e só volto a pedalar no Caminho dois dias depois, para poder conhecer melhor o local e até visitar o museu Guggenheim aí na foto.
 

Pintxos - www.miblogdepintxos.com
Até a abertura do Museu em 1997, Bilbao praticamente não aparecia em guias turísticos sobre a Espanha. Um século de industrialização e o movimento de seu antigo porto - o maior do Mar Cantábrico - havia deixado a cidade com reputação de feiosa e desinteressante. Foi então que a nave espacial, projetada pelo cultuado arquiteto canadense Frank Gehry, aterrissou na cidade para salvar a pátria. Obras de outros renomados projetistas, como Santiago Calatrava e Norman Foster, complementam o belo centro do século 14 e as antigas ruas congestionadas, que hoje são passeios públicos. Além de oferecer seu novo visual, Bilbao é célebre por bares que lotam de glutões ávidos, como eu, pelos elaboradíssimos pintxos e tem uma das vidas noturnas mais agitadas da Espanha. Quem quiser saber mais sobre este "tira-gosto" espanhol famoso e que eu adoro, clica no link do blog aí na foto.

Bom, continuando com o relato das expectativas sobre o que me espera, hoje comento sobre a última etapa do Caminho do Norte, que tem seus últimos 42 km já no meu conhecido Caminho Francês em Arzua.

Etapa 11: Sobrado dos Monxes - Santiago de Compostela  (63 km) - 24/09 :


Bosques - excelente pedal
A etapa começa tranquila, com 21 km praticamente de baixada entre Sobrado e Arzúa, passando por pequenas localidades como Boimorto, a mais provida de serviços na serra da Galícia. Antes de Arzúa, uma pequena subida para depois desembocar na avenida principal da cidade, onde se destaca o convento de la Magdalena (século XIV), antiga hospedaria de peregrinos, hoje em ruínas.

Como escrevia eu, lá no post do já longínquo 24 de setembro de 2012, entre Arzúa e Lavacolla  um caminho muito bom para pedalar e extremamente agradável com 90 % do percurso entre bosques de pinheiros ou castanheiras e, também, eucaliptos, me lembrando muito as trilhas que faço por aqui... aproximadamente 30 km bem tranquilos. Mais 5 km e chegarei pela terceira vez-se ao Monte do Gozo - de onde pode-se avistar Santiago de Compostela e sua majestosa Catedral - exatamente 2 anos depois da última visita em 24 de setembro d 2012.  Mais outros 5 km de franca descida e trecho urbano até chegar a entrada triunfal na praça "del Obradoiro" e contemplar novamente a Catedral do Apóstolo Tiago, completando mais uma vez... certamente não a última... esta peregrinação sempre emocionante e repleta de eventos inesquecíveis.

Catedral de Santiago de Compostela - Fin do Camiño
Este post finaliza os comentários sobre as 11 etapas do Caminho do Norte programadas para este ano, mas antes de partir vou buscar e mostrar para vocês, meus amigos, muitas novidades sobre esta minha próxima peregrinação a Compostela...

Hasta pronto...

 

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Donostian bertan hasiko da ... nire Iparraldeko Bidea


Vista da praia de La Cocha em San Sebastián - Donostia

San Sebastián... ou Donostia em Euskera (idioma basco)... é uma cidade da costa norte da Espanha de 184000 habitantes, província de Guipúscoa no País Basco, de vocação turística numa região muito visitada por turistas da Europa, principalmente ingleses... o "Bizkaiko Golkoa" (Golfo de Biscaia) é o início do Camino del Norte nesta minha terceira empreitada para chegar ao Santuário do Apóstolo Tiago, na maior parte do percurso com vistas para o "Kantauri Itxasoa" (Mar Cantábrico). Quem conhece a cidade, recomenda uma estada de alguns dias, mas chego dia 11 de setembro e começo o caminho dois dias depois...

Monastério de San Salvador, Lourenzá

Continuando o relato do que me espera nas etapas do Camino del Norte... os últimos 205 km em 3 etapas, sendo que a última, depois de Arzúa é o único trecho que já conheço bem... já que entrarei no Caminho Francês... faltando apenas 40 km para chegar à Catedral em Compostela...
 
 
 

Etapa 9: Tapas do Casariego - Vilalba (85 km) - 22/09


Catedral em Mondoñedo
Saindo de Tapias, beirando a costa saímos das Astúrias, entrando na Galícia em Ribadeo, depois de atravessar o rio "del Eo" (ou "de Ribadeo") através da "Puente de los Santos".  Daí até Lourenzá, nos afastamos definitivamente da costa e, ainda, se apresenta aquele sobe-e-desce constante nos 28 km, com direito a uma bela montanha de mais de 350 m, depois de "A Ponte de Arante"... no final uma descida de uns 5 km depois de San Xusto, voltando a 70 m de altitude. Na cidade, destaque para o conjunto arquitetônico do Monastérios de San Salvador (foto), fundado pelo conde Osorio Gutiérrez (conhecido como "el conde Santo") no século X, contando com diversas capelas e o museu de arte sacra...

Ponte Viella de Martiñan
Nos próximos 25 km, só "cuestas"... desnível total de mais de 500 m até Gontán, passando por Mondoñedo e Lousada, naquela, que foi uma das sete capitais do Reino da Galícia na Idade Média, destaque para o monumento mais importante... a catedral de Santa María (séculos XII-XVI), na foto... visita imperdível...

Mais 20 km no altiplano, a cerca de 500 m de altitude, sem grandes desníveis e beirando a "carretera nacional" N-634, chegamos ao albergue em Vilalba, depois de passar por Martiñán e Goritz, na cidade destaca-se a Torre octogonal de los Andrade (século XV), a única parte do antigo castelo feudal que permanece de pé... e a igreja de Santa Maria.

Etapa 10: Vilalba - Sobrado dos Monxes (60 km) - 23/09

O Caminho até San Xoan de Alba
Etapa das mais curtas, porém com os maiores desníveis de todas as 11 do caminho del Norte. Nos primeiros 18 km até Baamonde, sem maiores problemas, exceto um pequeno monte antes de San Xoan de Alba, aí na foto abaixo.

 De Baamonde até Sobrado dos Monxes (42 km) o trecho mais "largo del Camino del Norte" com desníveis moderados por boas pistas de terra e asfalto, mas através de um território solitário e despovoado, salpicado de minúsculas paróquias. Um subidão de mais de 17 km e desnível de mais de 300 m depois de Miraz - chegando a 710 m  de altitude em Corteporcos - certamente, nos fará lembrar que estamos nas montanhas da Galícia... depois de "O Méson"  uma baixada de mais de 5 km até o albergue em Sobrado dos Monxes, onde não poderia faltar um Monastério - o de Santa Maria de monges Beneditinos - além de outros monumentos de interesse cultural, nesta localidade de uns 300 habitantes nascida ao redor do Monastério do século X, como a capela de la Magdalena e a igreja atual em de estilo barroco  do século XVIII.



No próximo post, além de escrever sobre a última das 11 etapas... e a chegada a Santiago de Compostela pela terceira vez... um pouco de Bilbao e a comemoração de "mi cumpleaños"...
 
 ... hasta pronto.
  
Nota: Traduzindo o título do post, do Euskera: "Em San Sebastián vai começar... o meu Caminho do Norte"

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Sud de France ... et commence le Chemin.


Santuário de Lourdes - França
La Très Sainte Mère de Dieu , pour donner aux hommes une fois leurs grâces infinies, et pour confondre les fortes dans le monde est jugé , choisir un instrument , de préférence l'autre , faible, selon l'économie divine que saint Paul exalte : «Dieu a choisi les choses faibles du monde pour confondre les fortes »( 1Cor 1:27). Cet instrument était Marie - Bernarde Soubirous ( Bernadette ) , et le nom cher celebérrimo aujourd'hui dans le monde entier , mais à cette époque , alors que seulement quatorze avaient , tous inconnus. Né à Lourdes , dans la région des Pyrénées , à 7 Janvier 1844, fille de François et de Ludovica Casterot deux jours plus tard a été baptisé et reçoit le nom de Marie Bernarde Soubirous . Vivre pauvrement et a grandi sans doctrine humaine , mais dans la plupart douce simplicité de mœurs et de candeur d'esprit admirable , voulue par Dieu et la Sainte Vierge Marie Mère noté l'humilité de sa fille et daigné fille innocente entre le 11 Février to 16 Juillet 1858 18 apparitions et la conversation céleste.



Igreja de San Nicolás de Bari - Avilés
Este breve relato em francês (numa tradução livre do autor deste Blog) é para celebrar a futura passagem por Lourdes, antes de seguir para San Sebastian e iniciar de fato o Camino del Norte. Na verdade, o Caminho de Santiago tem um de seus muitos trajetos europeus passando por Lourdes e seguindo para Saint Jean de Pied de Port, tradicionalmente o ponto inicial do Caminho Francês, por onde iniciei meu segundo caminho em 2012. A história das aparições da Imaculada Conceição é conhecida e me levou a fazer uma breve parada em Lourdes, apenas uma noite depois de sair de Andorra, passando por Tulouse de trem, e uma manhã para conhecer o que der para ver, dentre as visitas... certamente... o Santuário.

Continuando o relato do que me espera nas etapas do Camino del Norte...



Etapa 7: Gijón   - Soto de Luiña   (63 km) - 20/09


Igreja em Muros de Nalón
Saindo de Gijén, uns 5 km de subida antes de Santa Eulália, onde se apresenta a bela igreja de Santa Eulalia del Valle do ano de 905. Depois um trecho tranquilo de baixada até Avilés, onde se destaca a igreja de San Nicolás de Bari (foto acima) entre outras edificações religiosas interessantes nesta cidade importante da Idade Média, mas que depois ficou marcada pela mais poluída da Europa nos anos 70, devido ao crescimento da sua indústria siderúrgica e carbonífera, situação felizmente revertida nos dias de hoje. 
Um pouco mais acidentado será o trecho intermediário da etapa, entre Avilés e Muros de Nálon, com 3 ou 4 subidas curtas, mas que não superam os 200 m de altura. Alguns monumentos interessantes no trecho, com destaque para os palácios de "la Magdalena" (sec. XVIII) e de "Valdecarzana y Vallehermoso" (sec. XV-XVI) e Muros de Nalón.

Mais 16 km e chegamos à parada no albergue de Soto de Luiña, passando por El Pito e El Relayo, cidades pequenas mas com alguns monumentos interessantes como o deslumbrante Palácio de Selgas e igreja neorromânica de Jesus de Nazareno (sec. XIX-XX), onde temos o altar mais antigo da Espanha, do século VIII. Em Soto, a igreja de Santa María é o destaque, onde já existiu um hospital de peregrinos.


Mar Cantábrico
Etapa 8: Soto de Luiña - Tapia de Casariego  (80 km) - 21/09


Saindo de Soto, uma subida com desnível de uns 150 m e segue-se nesta altitude praticamente nos próximos 23 km até Cadavedo, com direito a lindas vistas do mar Cantábrico, como a da foto perto de Castañeras. Mais 16 km tranquilos e chegamos a Luarca, Capital do município asturiano de Valdés, uma histórica vila portuária na desembocadura do rio Negro, onde se destacam a igreja de Santa Eulalia, do século XII e a ermita de Nuestra Señora la Blanca. No caminho, outras ermitas são encontradas, como a de de San Miguel de Canero, entre Quéruas e Barcia.

Tapia de Casariego
Um tanto afastado do mar, o percurso segue tranquilo nos próximos 30 km até La Caridad, sem desníveis importantes e com algumas vistas muito bonitas. Destaque para a igreja de Santiago (sec. XVIII) em Villapedre, de San Salvador em Piñera e a neogótica de Nuestra Señora de la Barca (1895) em Navia. A etapa termina para lá de tranquila, beirando as praias até Tapia de Casariego - opção alternativa ao caminho oficial, a ser tomada na bifurcação em Porcia - no entanto, um pouco arriscada, dado ao local ser bastante pequeno dotado apenas do albergue municipal com poucas camas e, talvez, fechado... quem sabe possa ter que dormir na praia. De qualquer forma é a última parada antes de entrar na Galícia, em Ribadeo, 11 km depois.
 


Vista de Luarca desde Atalaya

Ez dago ekitaldirik laster post ... Donostia San Sebastián ou ... no Euskal Herriko edo Iparraldeko Bidea Comeca ... 

Laster ...!

Nota:  Traduzindo do Euskera (Basco):  "No próximo post... Donostia ou San Sebastián... no País Vasco, começa o Camino del Norte ...
... até mais!




sexta-feira, 11 de abril de 2014

Andorra abans d'iniciar el Camí

Escultura Elogio del Horizonte - Gijón
Amics ... alguns de vosaltres entenen el títol d'aquest post o aquest paràgraf? És català a Andorra ... perquè aquest és l'idioma oficial del principat encunyat als Pirineus ...


"Andorra La Viella" será minha primeira parada antes de seguir para o meu 3° Caminho de Santiago,  serão 4 dias lá com direito a algumas pedaladas... as trilhas ainda não estão definidas, mas baixei até um aplicativo no smartphone com todas as possibilidades... em catalão é claro...

Imagens de Andorra La Viella

Continuando com o relato das expectativas sobre o que me espera nas etapas do Caminho do Norte, neste post comento sobre mais 2 etapas até Gíjon.

Etapa 5: Santillana del Mar   - Llanes -   (74 km) - 18/09

Palacio de Sobrellano - Colillas
Esta etapa se inicia com um trecho um pouco longe do mar, mas bem plano e com bastante asfalto, entre Santillana e Comillas, passando por monumentos como a igreja de San Martin de Tours - uma sólida e sóbria construção barroca do século XVIII -  a igreja de San Pedro Advíncula ou a abadia de Santa María de Viaceli. Em Comillas, destaque para a Villa Quijano, também conhecida como "el Capricho de Gaudí", porque foi projetada pelo genial arquitecto catalão como extravagante residência de veraneio de seu cunhado, Antonio López y López - o Marquês de Comillas. Os próximos 28 km serão os últimos na Cantábria, até Unquera, onde entramos nas Astúrias - terra do Fernando Alonso - alguns morrinhos no trecho, mas não se passa dos 150 m em relação ao nível do mar. Saindo da cidade pelo "Parque Natural de Oyambre" podemos apreciar vistas maravilhosas até San Vicente de la Barquera onde atravessa-se a Puente de la Maza (na foto). 

Puente de la Maza - San vicente de la Barquera
Depois uma subida de uns 6 km até Serdio e uma baixada até Unquera... passando a ponte sobre o rio Deva, já saindo da Cantábria, uma outra subida de 2 km com mais vistas maravilhosas até Colombres. Cerca de 9 km adiante, chegamos até Pendueles, onde se apresentam duas opções de caminho, que só vou resolver qual seguir quando chegar lá : o oficial - que segue beirando a carreteira nacional N-634, mas com muitos trechos com caminhos nos bosques - ou a costeira - sinalizada com marcas brancas e vermelhas - tão vazia quanto agradável, porém com possibilidade de trechos não pedaláveis.

Cubos da Memória - Llanes

Cerca de 2 km antes de Llanes, imperdível a visita à "Ermita del Cristo del Camino" e depois conhecer os atrativos do lugar, destacando-se o conjunto de monumentos, tanto históricos como a igreja gótica de Santa María del Concejo e as ruínas da muralha medieval, como mais modernos como a obra do artista basco Agustín Ibarrola, que pintou o que se conhece como "Los cubos de la memoria" (2001-2006) junto ao porto, mostrados na foto...




Etapa 6: Llanes -  Gijón (98 km) - 19/09

Igreja de San Salvador - Priesca
Esta será a etapa mais longa da 11 que cumprirei! De Llanes até Ribadesella - de grande interesse cultural e rupestre - um trecho de 31 km bastantes planos, passando por um mosteiro e alguns igrejas interessantes, fora as praias muito próximas do caminho. Saindo da cidade,  cruzamos o rio Sella pela ponte nacional e, em seguida, temos pequenas subidas em La Vega e Berbes para seguir plano até depois de Colunga, onde teremos uma subida mais pronunciada chegando a 200 m. Nesta vila se destacam vários monumentos como a igreja de San Cristóbal el Real (sec. XIX); a ermida da Virgem de Loreto (sec. XVII); o palácio barroco Álvarez de Colunga (sec. XVII) - atual sede da prefeitura local -  a casa de estilo renascentista de Alonso Covián (sec. XVI) e a capela de Santa Ana (sec. XVI) onde existiu um antigo hospital de peregrinos. Tem ainda a extraordinária igreja prerromana de Santiago de Gobiendes, que está a 1,4 km fora do caminho, num desvio bem indicado, entre La Espasa e La Isla. Mais 12 km e chega-se a Sebrayo, cerca de 3 km antes, em Priesca, nova igreja prerromana do século X (921), a de San Salvador mostrada na foto.

Igreja de San Pedro na praia de San Lorenzo - Gijón
Só mais 35 km até o albergue em Gijón, mais de 1/3 da etapa e com as duas piores subidas do dia... uma de 5 km que chega a 420 m de altitude, perto de Niévares, após passarmos pelo entroncamento com o "Camino Primitivo" - que passa por Oviedo - em Casquita a 10 km de Sebrayo... e a outra pouco depois de Péon, cerca de 6 km a frente, com 275 m. Daí, mais 10 km para baixo até Gijón, onde o interesse cultural se concentra especialmente no bairro histórico de Cimadevilla, como a Plaza Mayor e a igreja de San Pedro. Também, destaca-se antes da entrada da cidade, em Villaviciosa, a igreja de Santa María de la Oliva.


No próximo post... a travessia do sul da França, saindo de Andorra para Lourdes, antes de seguir para San Sebastián...

... hasta pronto!


Nota: Traduzindo o primeiro parágrafo, para os que não entendem catalão: "Amigos... algum de vocês entende o título do post ou este parágrafo? É catalão... porque este é o idioma oficial do principado encrustado nos Pirineus..."

quinta-feira, 27 de março de 2014

Altimetria do Caminho do Norte

Já ouvi, algumas vezes, que o Caminho do Norte é duro... muito mais duro que o trajeto francês... não só em palestras que assisti sobre o tema, como de alguns peregrinos que encontrei em Santiago de Compostela... só terei certeza depois que completá-lo no dia 24 de setembro, mas a julgar pela altimetria ... vide figura abaixo ... não parece tão pior...
 
Altimetria do Caminho Francês (em vermelho) x del Norte (em azul)
 
Alguns trechos, mais planos no francês, podem realmente ser mais tranquilos frente ao sobe-e-desce constante do Caminho do Norte, mas pelo menos as grandes "cuestas"... como os Pirineus, a Cruz de Ferro e o Alto do Cebrero... não serão nem de longe igualadas. No finalzinho, principalmente nos dois últimos dias, a altimetria é praticamente a mesma, já que a cordilheira na Galícia é a mesma.
 
Bom, continuando com o relato das expectativas sobre o que me espera nas etapas do Caminho do Norte, hoje comento as próximas 2 etapas, depois da parada prolongada em Bilbao.
 

Etapa 3: Bilbao - Laredo  (72 km) - 16/09
Portugalete
Saindo de Bilbao, são duas as opções: 19,4 km pelos montes do caminho oficial ou apenas 12,4 km planos pelo lado direito da "Ria del Nervión"... ainda não está decidido qual deles vou realizar, neste que é o trecho mais urbano do "Camino del Norte".  De Portugalete até a praia de la Arena seguirei pelo bidegorri (literalmente "camino rojo" ou caminho vermelho), muito frequentado por ciclistas e caminhantes e que seguirei pelos próximos 10 quilômetros com boa infraestrutura, incluindo áreas de descanso e fontes. Depois de passar por alguns pequenos povoados, chega-se à praia onde se pode desfrutar de uma pequena zona turística com bares e restaurantes. No outro extremo da praia, depois de cruzar uma ponte para pedestres com pilares verdes sobre o rio Barbadún, passa-se junto à "Ermita de la Virgen del Socorro". Um pouco depois sairei do Pais Vasco e entro na Cantábria, chegando em Onton; onde , novamente, depara-se com duas opções de itinerário, mas este já escolhi seguir pela costa, mais curto e com as vistas cada vez mais lindas do litoral... são 15,8 km por Baltezana, Otañes e Santullán.
 
Depois, Castro Urdiales, bonita vila à beira-mar com uma rica história que remonta a seu nascimento como fortificação romana. Desta época é o conjunto monumental da vila, no qual se destaca a magnífica igreja de Santa María (séculos XIII-XV), de estilo gótico e a seu lado o castelo-farol de Santa Ana e a ermida, também, de Santa Ana.
 
Ermita de Santa Ana

Daí até o albergue, em Laredo, são mais 25km, tranquilos em termos de altimetria... apenas duas tranquilas subidas que sequer atingem 150 m... em El Pontarrón de Guriezo nova bifurcação, com opção para o caminho original sinalizado que passa por Rio Seco, talvez mais interessante, porém, bem mais longo. Em Hazas, temos a igreja de Nuestra Señora de la Asunción (século XVII), que apresenta uma imagem do apóstolo Santiago em seu interior. Mais uns poucos quilômetros e chego à parada em Laredo, outra vila costeira de importância para o litoral da Cantábria desde a idade média, com destaque para a igreja gótica de "Santa María de la Asunción" (dos séculos XIII-XVII).

Etapa 4: Laredo - Santillana del Mar  (78 km) - 17/09


Puente de Solorga
Saindo de Laredo, novas variantes se apresentam, mas desta vez parece melhor seguir pelo interior por Colindres, evitando não só trilhas pela areia como o "el paso en barco"... são apenas 2 km a mais e, espero, que a altimetria não seja tão pior... mas não tenho maiores informações sobre o trajeto até San Miguel de Meruelo. Dali até Güemes, depois de passar pela bonita igreja de San Miguel, cerca de 10 km tranquilos até o  famoso albergue "La cabaña del abuelo Peuto"... mas não pararei por lá.

Catedral de Santander
De Güemes até Galizano, uns 4,5 km de baixada até nova variante para Somo... uma  costeira, sempre recomendada pelas lindas paisagens, e outra beirando a carretera CA-141, que conta com "un carril bici"... parece que devo ir por este que é o caminho oficial... e, inclusive, passa pelo santuário mariano de Nuestra Señora de Latas (século XVI). Em Somo, nos dirigimos ao embarcadouro para tomar um dos barcos conhecidos como "pedreñeras", que navegam de Somo a Santander com paradas em Pedreña.
 
Santander é a capital da comunidade autónoma de Cantabria e uma das mais importantes desta costa fantástica, destaque para a catedral de "Nuestra Señora de la Asunción" (séculos XIII-XVII) - na foto - além do possivelmente monumento mais interessante da cidade - o exuberante "Palacio de la Magdalena".  Nos últimos 37 km desta etapa, muito asfalto e poucas atrações, passando por Santa Cruz de Bezana, Boo de Piélagos, Mogro e Requejada. Até chegar a Santillana del Mar, pequena vila com um grande atrativo turístico por sua beleza e monumentos. Apesar do nome, o mar está a mais de 3 km, mas passear por suas ruas de pedra antigas com bonitos e antigos casarões é como retroceder uns tantos séculos na roda da história. "La colegiata románica de Santa Juliana" (do século XII), construída sobre um primitivo templo do século IX, foi a origem do povoado. Em outro aspecto de interesse turístico, a pouco mais de um quilômetro do povoado se encontra "la Cueva de Altamira", que conserva pinturas rupestres paleolíticas (entre 33.000 aC e 9.000 aC), as mais importantes do mundo e declaradas Patrimônio da Humanidade em 1985. Não se pode visitar "la cueva" mas sim "el Museo de Altamira", que reproduz e interpreta as mencionadas pinturas e é, também, bastante interessante.
 
Collegiata Santa Juliana -  Santillana del Mar
  
No próximo post... a parada e as pedaladas em Andorra, antes de seguir para o Caminho...
 
... hasta pronto!
 


 

domingo, 16 de março de 2014

Camino del Norte - Planejamento concluído

Amigos, faz bastante tempo que não publico nada no Blog, mas nestes 3 meses estava tratando do planejamento do próximo Caminho que, como já citei em posts anteriores, será o "Camino del Norte" em setembro próximo.
 
Camino del Norte
 
Depois de passar uns dias em Andorra, com direito a algumas trilhas ainda não definidas lá nos Pirineus, atravessarei o sul da França... de trem infelizmente... com uma paradinha em Lourdes, chegando a San Sebastián no País Basco, onde começo em 13/9, esta nova peregrinação a Santiago de Compostela.
 
O "Camino del Norte" começa em Irún, cerca de 25 km antes de San Sebastián e, se possível vou de bike até lá para pegar a credencial e começar o Caminho, acrescentando mais alguns quilômetros aos 797 previstos em 11 dias de pedal... média de 72,5 km. As 11 etapas já estão definidas, como na figura abaixo, bem como albergues e hostels reservados... quer dizer aqueles que são possíveis, pois em alguns locais terei que descobrir como acessar o albergue e até se eles estarão funcionando.
Segundo apurei, este caminho é muito menos frequentado que o francês, por isso algumas diferenças serão sentidas, principalmente a possível falta de companhia de peregrinos ao longo do percurso... só os últimos 40 km serão dentro do Caminho Francês, depois de Arzúa.  
 
 
 
Sierra de Jaizkibel
O "Camino del Norte" (ou "Camino de la Costa") é um caminho para Santiago de Compostela que transcorre pela costa cantábrica. e até Ribadeo ( o primeiro povoado galego) seu traçado segue a linha da costa, embora nem sempre tão perto do mar. O  "Camino del Norte" é um dos caminhos que peregrinos medievais seguiam para visitar o sepulcro do Apóstolo e, historicamente, nunca foi muito frequentado devido a sua complicada altimetria (sobe-e-desce constante) e ao menor número de localidades que ofereciam hospedagem. Não que estes motivos tenham me levado a realizar esta rota, mas tem sido uma alternativa ao, hoje, muito massificado e trivializado Caminho Francês, possibilitando uma peregrinação mais comprometida ou mais espiritual, além de apresentar paisagens mais espetaculares que as outras rotas, por inserirem o mar e suas belezas intrínsecas. Mas, aqueles que acreditam que o "Camino del Norte" é um bucólico passeio perto do mar, certamente se equivocarão...
 
O que me espera nas 11 etapas descrevo abaixo, e nos próximos posts, a partir de informações que pude coletar nos últimos meses: 
Vista de Zaraultz
Etapa 1: San Sebastián - Markina  (66 km) - 13/09
Saindo de San Sebastián, nos primeiros quilômetros 10 de subida que chega a 300 m no Monte Igueldo, seguindo-se uns 10 km de baixada até Zaraultz, cidade turística onde se pratica surfe (na foto), passando por Orio onde se pode visitar a igreja de San Nicolás de Bari. Dizem que a vista na descida é deslumbrante...
Mirante na Ermita del Calvario
Na saída de Zaraultz existem duas opções, uma por Getaria que vai pela beira-mar e outra pelos montes diretamente até Askizu... no meu planejamento não devo ir pela praia, mas posso alterar quando chegar lá pois é, praticamente, a mesma distância. Assim, terei 3 subidas nos 18 km entre Zaraultz e Itziar, sendo a última a mais pronunciada, mas todas são curtas e não passam de 1 km. Em Zumaia, a grande igreja de San Pedro, em Deba, e a de Santa María la Real são as visitas recomendadas. Depois da descida até Deba, começa o trecho mais solitário e duro desta primeira etapa, inclusive, com um afastamento temporário do litoral cantábrico. São 22 km até a parada no albergue em Markina, passando pela Ermita del Calvário e Olatz, a primeira precedida de uma subida de 300 m em 5 km e a segunda com a subida depois, com outros 3 km e desnível de 300 m no Monte Arno. 


Subida para o Monastério
Etapa 2: Markina - Bilbao  (60 km) - 14/09 : Outra etapa bem montanhosa, saindo de Markina nos primeiros 8 km uma subida acentuada no Monte Oiz  até o Monastério de Zenarruza, em Ziortza, passando por Bolibar - terra natal de Simón Bolívar, onde temos como atração um museu dedicado a ele e a igreja de San Tomás. Depois uma baixada até Munitibar, onde cruzamos o rio Lea seguindo em direção a Olabe e  Marmiz, passando por Ajangiz, cruza-se o Rio Oka para chegar a Gernika.
Esta cidade famosa por ser bombardeada, e quase destruída pela aviação alemã em 1937, e retratada num famoso quadro de Picasso, merece a visita aos monumentos que resistiram ao bombardeiro, como a igreja de Santa Maria do século XV.

Calle em Larrabetzu
Saindo de Gernika, uma subida de uns 5km até o Alto de Morga, passando pelas ermidas de Santa Lucia e San Esteban, depois aquele sobe-e-desce constante até um descidão para Goikolexea, onde se destaca a igreja gótica de San Emeterio e San Celedonio do século XVI e, logo depois, Larrabetzu. Daí até Lezama, que se destaca pelo pórtico no seu entorno, 3,5 km bem planos e mais 3 km até Zamudio, em menos de 8 km estarei em Bilbao na noite do meu aniversário, mas... ainda falta o Monte Avril, desnível de 300 m em pouco mais de 3 km e depois um descida com direito a uma vista panorâmica da Capital da província de Vizcaya e maior cidade do país Basco e do "Camino del Norte"... sigo em direção ao hostel em "Las Siete Calles", pois vou parar por mais de uma noite, já que as visita aos pontos turísticos principais da cidade, como a basílica de Nuestra Señora de Begoña, Museu Guggenheim  e Catedral de Santiago, são imperdíveis... além dos "pintxos e vino" é claro...

 
Cumpleaños em Bilbao

 As expectativas e curiosidades para as próximas etapas contarei nos próximos posts...

                                                                                                                                       ...hasta pronto! 
 

domingo, 15 de dezembro de 2013

3° e 4° dias de pedal em Bariloche - Estepa Patagónica

Início do 3° dia - Lago Nahuel Huapi

3° dia - Estepa patagónica
Amigos, os planos mudaram um pouco para os dois últimos dias de pedal em Bariloche, por isso vou juntá-los em um único post, já que ambos os caminhos passaram pelas estepes patagonicas - que podem ser traduzidas em desertos verdes - embora por dois caminhos diferentes... circuitos "Arroyo Tristeza" na sexta-feira e "Villa Llanquin" no sábado... este último com direito a me perder na estepe como conto a seguir.


Saída do Parque ... ainda falta muito para chegar
 
 
 
A sexta-feira comecou com um pedal de mais de 37 km pelo asfalto até o aeroporto em cerca de 2 horas sob sol quente... o circuito era até o Arroyo Tristeza, mas como lá não chegaria prefiro chamar de "Estepa Patagónica", economizando 17 km de perna por conta do meu guia... porque depois de passar pelo aeroporto foram 32 km de estepa pelo Parque Nacional a beira do rio Ñirihuau até voltar ao Centro Cívico de Bariloche para encarar mais 24 km de volta para a pousada. Ou seja, sai as 10:00 h e cheguei 9 horas depois, mas os 93 km foram tão lindos quanto cansativos...
 
 
No 4° e último dia de pedal em Bariloche, tive uma ajudinha extra para chegar de carro ao ínicio da trilha indicada pelo meu guia, ajuda essa vital para a volta... não haveria como encarar uma volta de 70 km pelo asfalto do jeito que me encontrava no final do percurso...

Cerro Leones
Com esta moleza inicial, o percurso que me levaria até Villa Llanquin parecia fácil... e os primeiros 22 km realmente foram... primeiro cerca de 8 km em 40 minutos circundando o Cerro Leones... com direito a avistar condores no ar e cenários como a vista acima, na foto tirada de uma ponte...

A seguir, um pequeno trecho de carretera até entrar na Estancia San Ramón... daí em diante foram quase 15 km de excelente pedal, do jeito que eu gosto, beirando o rio, com velocidade e plano... mas vieram as "cuestas"... tres para cima - uma delas apareço empurrando a bike na foto ao lado - e uma muito perigosa para baixo... superadas no entanto com tranquilidade! O pior veio depois... simplesmente as trilhas desapareceram ao contornar a fazenda no final da descida...
 
 
Virou corrida de orientação... o mapa me dizia que tinha tilha e eu não a via... finalmente achei um subida com marcas de bicicleta que logo sumiram... continuei subindo até que me vi num penhasco sem trilha para descer... daí pensei vou para o rio... com certeza beirando-o vou encontrar outra trilha.




Corrida de orientação - siga o rio Lymay
Empurando a bike estepe abaixo até "una playa" do rio pude, além de me refrescar e encher a caramanhola, visualizar uma estradinha próxima a umas casas um pouco mais ao longe...
Beleza... saí do sufoco e encontrei o caminho para finalizar o percurso e encontrar o "coche" que me levaria de volta... com um atraso de cerca de 1:30 horas... 34 km em 4:30 h, considerando os problemas, até que foi um razoável para este último dia de pedal em Bariloche...
 
... e as vistas foram sensacionais, tem até rafting no rio...
 
Hasta pronto...


Nota: Perdoem qualquer problema de ortografia... principalmente cedilha e til... é por conta do teclado argentino...


quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Segundo dia de pedal em Bariloche - Cerro Catedral


Lago Gutiérrez

Ainda bem cansado, começo a escrever este post pensando nas fantásticas imagens que observei durante todo o dia de hoje... foram tantas que, novamente, será difícil escolher as que mostrarei para vocês... então comecei por esta aí de cima... de cartão postal - vista do Lago desde o Balcon Gutiérrez.

Lago P. Moreno Este

Depois de passar pela Colonia Suiza - a mesma onde parei para tomar uma cerveza no primeiro dia - mas entrando por outro caminho, foram cerca de 9 km de pedal por uma estrada cheia de pedras e com o sol a pino... parecia um "pedal no deserto", apesar de, na sua maior parte, ter sido beirando o Lago Moreno e o Arroyo Casa de Piedra...

 
Duas horas e cerca de 20 km depois que comecei a pedalar hoje, aí que o "bicho pegou"... veio a subida do Balcon Gutiérrez... as vistas continuaram lindas, mas a subida muito técnica - um misto de pedras com areia fofa - foi dura demais... agravada pelo fato de que a bike não tinha a "vovozinha" - a marcha menor - subi tudo na força (coroa pequena e 3a. catraca)... mas sobrevivi para contar mais esta aventura para vocês e 45 minutos depois ... Cerro Catedral.
 
O mais perto que cheguei da neve - 1450 m abaixo - Cerro Catedral
 
Vista da estação de ski - Cerro Catedral

No Cerro Catedral fica uma das estações de ski mais bem preparadas do mundo... tem também espaço para esportes radicais como o MTB, mas nesta época, infelizmente, o Bike Park estava "cerrado"... mas valeu o esforço da subida...


 As fotos mostram algumas das vistas do lugar, mas só visitando para comprovar a beleza... imagino no inverno, tudo isso cheio de neve...




Os planos para os próximos dias mudaram um pouco... não haverá pedal no domingo e amanhã vou sozinho para o circuito do Arroyo Tristeza e sábado para o circuito Villa Llanquín, com um translado de uns 80 km de carro...



Depois será só curtir a cidade que ainda não visitei sem bike...

Continuem acompanhando...