Quase desde a própria descoberta do Sepulcro do Apostolo Tiago no século IX, os peregrinos decidem prolongar a sua peregrinação até a Costa da Morte, região mais ocidental da Galícia e banhada pelas águas do oceano Atlântico. A razão desta quase tradição obedece a vários motivos relacionados e o seu resultado é o que se conhece hoje como o Caminho de Fisterra-Muxía. A Costa da Morte era para os antigos, até ao final da Idade Média, o último reduto da terra conhecida, a ponta ocidental da Europa continental, o trecho final de um itinerário marcado no céu pela Via Láctea, um espaço mítico e simbólico que tinha no impressionante volume do cabo Fisterre, a sua parte mais extrema. Era um lugar carregado de todo o tipo de crenças e ritos pagãos, no qual os romanos no século II a. C. se surpreenderam, ao ver o enorme sol a desaparecer entre as águas.
A partir do século XII, o Códice Calixtino vincula estas terras com a tradição jacobeia. O célebre Códice assinala que os discípulos de Santiago viajaram à desaparecida cidade de Dugium, na atual Fisterre, procurando a autorização de um legado romano para enterrar o Apóstolo no que hoje é Compostela. Contudo, o legado, receoso, prende-os. Os discípulos conseguem fugir e quando estão a ponto de ser alcançados, cruzam uma ponte que acaba por ruir à passagem da tropa romana que os persegue.
Bom, toda esta história, que consegui na Internet para preceder o post de hoje, é para tentar fundamentar o porquê do meu desejo de prolongar o Caminho por mais 90 km até o “Fim da Terra”. Este termo como também “Costa da Morte” era, como aprendemos, do tempo em que se considerava a existência de um abismo definindo o fim da terra no horizonte.
A "Cruz de Baixar" com a Praia de Langosteira ao Fundo
Mas, depois de 14 dias pedalando até Compostela, prolongar por mais dois dias parece sacrifício demais...mas o quê é peregrinar, senão se submeter a certos sacrifícios ? O Caminho é seguramente duro, alguns dizem que seria o trecho mais duro desde Saint Jean, mas como sabê-lo? Percorrendo-o e olhem a recompensa que me espera mostrada nas fotos do post, também, capturadas na Grande Rede.


Monumento à Bota do Peregrino Igreja de Santa Maria das Areas
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