sábado, 1 de setembro de 2012

Fisterre - A Costa da Morte




Vista do Cabo Fisterre desde o mirante de Ézaro. Carnota

Quase desde a própria descoberta do Sepulcro do Apostolo Tiago no século IX, os peregrinos decidem prolongar a sua peregrinação até a Costa da Morte, região mais ocidental da Galícia e banhada pelas águas do oceano Atlântico. A razão desta quase tradição obedece a vários motivos relacionados e o seu resultado é o que se conhece hoje como o Caminho de Fisterra-Muxía. A Costa da Morte era para os antigos, até ao final da Idade Média, o último reduto da terra conhecida, a ponta ocidental da Europa continental, o trecho final de um itinerário marcado no céu pela Via Láctea, um espaço mítico e simbólico que tinha no impressionante volume do cabo Fisterre, a sua parte mais extrema. Era um lugar carregado de todo o tipo de crenças e ritos pagãos, no qual os romanos no século  II a. C. se surpreenderam, ao ver o enorme sol a desaparecer entre as águas.
 
A partir do século XII, o Códice Calixtino vincula estas terras com a tradição jacobeia. O célebre Códice assinala que os discípulos de Santiago viajaram à desaparecida cidade de Dugium, na atual Fisterre, procurando a autorização de um legado romano para enterrar o Apóstolo no que hoje é Compostela. Contudo, o legado, receoso, prende-os. Os discípulos conseguem fugir e quando estão a ponto de ser alcançados, cruzam uma ponte que acaba por ruir à passagem da tropa romana que os persegue.
 
Bom, toda esta história, que consegui na Internet para preceder o post de hoje, é para tentar fundamentar o porquê do meu desejo de prolongar o Caminho por mais 90 km até o “Fim da Terra”. Este termo como também “Costa da Morte” era, como aprendemos, do tempo em que se considerava a existência de um abismo definindo o fim da terra no horizonte.

 
A "Cruz de Baixar" com a Praia de Langosteira ao Fundo
 
Mas, depois de 14 dias pedalando até Compostela, prolongar por mais dois dias parece sacrifício demais...mas o quê é peregrinar, senão se submeter a certos sacrifícios ? O Caminho é seguramente duro, alguns dizem que seria o trecho mais duro desde Saint Jean, mas como sabê-lo? Percorrendo-o e olhem a recompensa que me espera mostrada nas fotos do post, também, capturadas na Grande Rede.
 
Espero conseguir prolongar meu Caminho até Fisterre, mas de qualquer forma os dois dias ficam de reserva para qualquer contratempo ao longo do Caminho.
 
      
 
 
Monumento à Bota do Peregrino                Igreja de Santa Maria das Areas

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