O Caminho Francês é o itinerário mais tradicional e o mais reconhecido internacionalmente do Caminho de Santiago, foi o quê fiz em 2010 e o quê repetirei neste ano. O seu traçado atravessa o nortes de Espanha e foi fixado no final do século XI, graças ao labor construtivo e de promoção de monarcas de Navarra e Aragón, como de Afonso VI e os seus sucessores. As principais vias deste Caminho na França e na Espanha foram descritas com precisão em 1135 no Códex Calixtinus, livro fundamental jacobeu.
Atribuído ao clérigo francês Aymeric Picaud, o Códex evidencia o desejo político-religioso por fazer promoção do santuário de Compostela e facilitar o acesso até ele. Quando se faz este livro, o Caminho Francês e as peregrinações alcançam o seu máximo apogeu e o Caminho Francês a maior afluência, se excluímos o momento atual, Santiago converte-se na meta de peregrinos procedentes de todo o orbe cristão.
O Caminho Francês adquire um traçado preciso na França através das quatro vias principais já descritas no Códex Calixtinus. Três destas rotas (Paris-Tours, Vézelay-Limoges e Le Puy-Conques) entram na Espanha por Roncesvalles, em Navarra, enquanto a quarta (Arles-Toulouse) entra pelo porto de Somport e continua até Jaca, em terras de Aragón. O itinerário que farei se inicia em Saint Jean Pied de Port, percorrendo apenas cerca de 25 km nos Pirineus antes de entrar na Espanha por Roncesvalles. A seguir atravessa a cidade de Pamplona e une-se com o Caminho Aragonês em Puente la Reina (Navarra).
A partir de Puente la Reina, o Caminho Francês mantém um único itinerário que atravessa localidades e cidades do norte da Espanha tão significativas como Estella, Logroño, Santo Domingo de la Calzada, Burgos, Castrojeriz, Frómista, Carrión de los Condes, Sahagún, Leon, Astorga, Ponferrada e Villafranca del Bierzo. E o Caminho Francês entra na Galicia pela comarca do Bierzo.
Logo chega a temida subida do Cebrero, mais dura por La Faba do que pela carretera, chegando-se à Vila mais representativa da cultura do Caminho a 1300 m de altitude. A seguir, a descida para Tricastela e depois Sarria. Há uma variante muito visitada pelo Monastério Beneditino de Samos, mas eu prefiro por A Balsa até San Xil, pedalada por bosques e prados daquelas que nunca se esquece.
O Caminho abandona Sarria por um dos carvalhais mais significativos do trajeto, continuando entre um sem-fim de aldeias e terras de cultivo. Desataca-se Portomarin, aliás o novo que ressurgiu depois da represa do rio Minho cobrir a localidade original, em 1962, que tenta manter o seu antigo encanto com velhas construções como a Igreja de San Nicolás do século XII.
Praticamente, este é o último trecho do Caminho, com alguns peregrinos parando em Palas de Rei, Mélide ou Arzúa, onde eu preferirei pousar, antes de partir para Santiago de Compostela. Estes últimos 42 km não apresentam grandes dificuldades, mas ainda assim se supera, um após outro, pequenos vales e rios com uma sucessão de subidas e descidas, que tornam o trecho um tanto duro.
Ao chegar ao Monte do Gozo, avista-se pela primeira vez as torres da Catedral de Santiago; a meta se torna visível e a sensação é, realmente, de gozo... A partir daí entra-se na zona urbana até se chegar na cidade histórica.
Eu, ainda vou continuar, por mais dois dias até Fisterre no litoral, mas isso é outra história...
Eu, ainda vou continuar, por mais dois dias até Fisterre no litoral, mas isso é outra história...
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